9 de jul. de 2012

10 Anos de Tattoo Rock Fest


Chega ao fim um final de semana de muito barulho na capital goiana. Acho que há muito tempo eu não tirava três dias pra conferir um festival de música pesada como esse. Claro que estamos falando do Tattoo Rock Fest, festival que chega a seu 10º ano com vigor pra muito mais ainda. Lembro-me como se fosse ontem da primeira edição, ainda no clube Aseg, em meados de 2002. E agora o festival se consolida como um dos maiores do centro-oeste e do país, tanto pelas tatuagens, estrutura e claro, pelos shows. 

O local escolhido este ano foi o Sol Music Hall, anexo ao Clube Jaó, local amplo e com boa estrutura, apesar do preço abusivo do estacionamento (R$20,00 por noite, estacionar nos 3 dias ficava mais caro que o passaporte). A praça de alimentação contava com boas opções, e os estandes em locais variados facilitava a circulação de pessoas, não se concentrando todas em um só lugar. Ali, mais de 100 tatuadores mostravam sua arte, além de estandes com vendas de roupas, camisetas, acessórios dos mais variados tipos, cada um mais bacana que o outro. Entre um show e outro, apresentações de dança do ventre, exibição de suspensão, desfile de moda underground, exibições de malabares e até a exibição da luta de Anderson Silva no sábado, ovacionada por uma multidão de fãs. E no palco, atrações e mais atrações levaram uma verdadeira legião ao festival. Bandas regionais e nacionais passaram por lá, e posso dizer que esta foi uma das melhores edições do mesmo. 

Atrações Regionais


Entre as atrações regionais, o primeiro destaque foi o retorno da Punch, banda que fez muito sucesso nos anos 90 e voltou para uma apresentação especial, com direito a cenário e vestimenta, com uma temática bem radioativa. Críticas ao governo e aos recentes escândalos envolvendo políticos goianos deram o tom do show, além de muita música pesada, claro. Os caras mostraram que ainda estão em ótima forma. No domingo, o vocalista da banda, Íkaro, voltou a se apresentar com sua nova banda, o Kamura, que está completando um ano de existência e já conta com uma ótima fama na capital goiana. Mais cheio, este show mostrou o poder de fogo dos caras com uma das maiores rodas de hardcore já vistas. 




No sábado duas atrações da Monstro, figurinhas carimbadas na maioria dos festivais deram o tom. As meninas da Girlie Hell deram o ar da graça e botaram os marmanjos pra pular bastante. A banda tem conquistado cada vez mais espaço na cena goiana, e o lançamento de seu primeiro álbum, Get Hard, tem demonstrado isto. Com uma sonoridade bem rock'n roll, uma boa pegada no melhor estilo Runaways e a excelente performance de sua vocalista, a banda tende apenas a crescer. No show ainda rolou uma cover de Pantera, com a música Walk, surpreendendo a todos. A outra atração local da noite foi o Johnny Suxxx and The Fucking Boys, banda que já conta também com o nome bem consolidado por aqui e fez muito barulho nesta noite com as músicas de seu primeiro álbum Zebra. 



Mas a grande revelação deste festival foi a recém formada Dry Bones Valley, que tenta emplacar um estilo um tanto esquecido em terras goianas, o Death Metal Melódico, no melhor estilo de bandas como In Flames, Killswitch Engage, Nightrage e outras. A banda havia acabado de lançar seu primeiro EP (disponível aqui), auto-intitulado, com seis músicas que são verdadeiras pedradas, e já faz seu primeiro show em grande estilo. Formada por grandes nomes da cena goiana, que já integraram bandas do calibre de Spiritual Carnage, Magnificência, Arnion, Aurora Rules, entre outras, os caras mostraram que tem futuro, com pegada e atitude de banda grande. Só espero revê-los mais vezes por aqui, afinal, este estilo precisa de um novo gás por aqui.



Atrações Nacionais


Em cada noite tivemos grandes bandas nacionais fechando o evento. A única que não pude conferir foi o Pavilhão 9 na sexta-feira. Na mesma noite, os Garotos Podres (SP), uma das bandas mais tradicionais do punk brasileiro, fizeram um dos shows mais divertidos do festival. Com uma longa carreira, os velhotes ainda mandam muito, e o vocalista bonachão foi um show a parte, fazendo discursos, caindo no chão e interagindo o tempo todo com o público. No sábado, BNegão e Os Seletores de Frequência (RJ) deram uma pausa na música pesada e trouxeram todo o suingue de seu funk soul/reggae pro palco. No repertório as músicas dos dois CDs da banda, Enxugando Gelo e o mais recente Sintoniza Lá, além de algumas covers, como Hermes Trismegisto, de Jorge Ben. 




Outros que vieram prometendo muitas covers foram Digão & Canisso (DF), dos Raimundos, que vieram com seu projeto tocando apenas Ramones. E tocando clássicos da maior banda punk de todos os tempos, o que pode sair errado? Nada. Pedradas como Blitzkrieg Pop, Sheena is a Punk Rocker, KKK Took My Baby Away, com participação de BNegão, I Wanna be Sedated e outras fizeram rodas e mais rodas de hardcore no local. Mas não teve jeito, de tanto o público insistir, Digão e Canisso tiveram que encerrar com uma música dos Raimundos, Eu Quero é Ver o Oco, deixando o público, que já era grande, simplesmente ensandecido




Mas pra mim as grandes atrações deste festival foram duas bandas que tocam o mais puro hard rock/heavy metal, direto, crú e sem firulas. No sábado os paranaenses do Motorocker (PR) fizeram muito barulho em cima do palco. Considerados o AC/DC brasileiros, tamanha semelhança do estilo da músicas, timbre de guitarras, letras e o vocal simplesmente idêntico. O diferencial é que a banda canta em português, o que pra mim é um ponto muito positivo pra eles. Os temas das músicas variam de hinos do rock, como a Igreja Universal do Reino do Rock e Rock na Veia, temas "religiosos" como Blues do Satanás e O Caminho e as Verdades da Vida, e claro, bebida, porrada e mulher. Uma das bandas mais legais que vi nos últimos tempos. 




E pra fechar o festival, claro, o show mais insano de todos os tempos. Que o Matanza (RJ) é uma das melhores bandas de rock já surgida em terras brazucas eu já sabia, só não sabia o quanto. A legião de fãs que os caras carregam é algo simplesmente impensável. Com os ingressos antecipados esgotados desde a sexta-feira, e na porta o valor subindo pra 40,00, dez reais a mais do que nos outros dias, dá pra perceber do que os caras são capazes. E não deixaram por menos. Todo o esforço para vê-los valeu cada centavo gasto, cada minuto de espera, cada músculo cansado de ficar em pé. 




O show foi simplesmente furioso, o público pulando, rodando e cantando todas as músicas, e os caras tocando uma paulada atrás da outra, sem parar, despejando seus riffs, que ora lembram as músicas dos saloons dos velho oeste, ora o mais puro heavy metal. Nunca vi um guitarrista e um baixista fazerem tanto barulho. No repertório, todos os sucessos da banda como Meio Psicopata, Interceptor V6, Ela Roubou meu Caminhão, Pé na porta e Soco na Cara, Clube dos Canalhas e o encerramento com A Arte do Insulto. Ainda tivemos uma participação de BNegão, repetindo a dobradinha feita no Rock in Rio do ano passado, tocando Qual é o seu Nome e A Dança do Patinho. Quem nunca viu um show do Matanza, com uma casa lotada e um público fanático como eu vi ontem, não sabe o que está perdendo. Encerramento apoteótico pra um festival que superou todas as expectativas. Que venha o do próximo ano!

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