28 de set. de 2011

Metal in Rio

Não dá pra falar de Rock in Rio sem falar de polêmicas né. Sempre foi assim. Lembro que em 2001, a bola da vez foi o Carlinhos Brown, que sofreu um enxame de garrafas durante seu show. A bola da vez agora é a Claudia Leite, ápice da incoerência musical, sem contar as Kate Perrys e Rihannas da vida. Mas fazer o que, não dá pra cobrar coerência de um festival que se preocupa mais com a parte comercial do que qualquer outra coisa. Felizmente, neste como no festival anterior, um dos dias foi salvo, o chamado "dia metal", oportunidade em que milhares de headbangers tomam as ruas da cidade do rock com suas camisas pretas, seus cabelos grandes e seus coturnos. E neste ano a programação estava um prato cheio pra quem gosta do estilo, com shows de dois nomes lendários do estilo, os grande Motorhead e Metallica.


A estrutura montada na Barra da Tijuca, no Rio foi muito bem planejada para receber os mais de 100 mil fãs, mas na prática apresentou alguns problemas. Um deles foi as enormes filas. Pra entrar e sair não houve fila nem tumulto, isso porque a entrada era bastante larga e abrigava bem a todos, tornando bastante ágil a entrada no festival. Mas lá dentro, se você quisesse comer um sanduíche ou ir em algum dos brinquedos, tinha que ter muita mas muita paciência. Filas quilométricas e estáticas nos quiosques de lanches. Uma amiga ficou quatro horas na fila da tiroleza. Outro problema foram os banheiros. Pensaram bem em não colocar banheiros químicos. Ao invés disto, fecharam uma área e colocaram mictórios nas paredes. O problema é que estes mictórios entupiram e a água transbordou alagando a grama do local. Dá pra imaginar o cheiro que ficou. No final já tinha gente mijando na grama e nas paredes, já que nem fazia mais muita diferença. 


Bom, mas viemos aqui pra tocar ou pra conversar? Então vamos falar dos shows. Cheguei na cidade do rock por volta de 14:30, hora exata em que o Matanza começava seu show no palco sunset. E que show. Com a participação do grande BNegão, os caras detonaram com músicas do Matanza, algumas do BNegão, como A Dança do Patinho, clássica, e um cover de Mano Negra. Foi só o começo para uma longa tarde de shows. Logo depois veio o Korzus, e ai meu amigo, o lugar foi pros ares de vez. Com a participação de grandes nomes do metal e punk mundiais, como Michael Schmier do Destruction, Mike Muir, do Suicidal Tendencies, e outros membros de Dead Kennedys, Exodus e Misfits, foi uma festa e tanto em cima do palco.



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Até aqui o som estava até razoável, oscilando às vezes, mas nada que atrapalhasse muito os shows. Mas quando o Angra começou a tocar, todos perceberam que algo não estava certo. O som estava muito ruim, baixo, ora aumentava ora abaixava, barulhos estranhos na bateria, a todo momento todos na platéia gritavam que o som estava ruim, mas ninguém conseguia resolver o problema. A situação ficou ainda pior quando a convidada do grupo entrou, a vocalista Tarja Turunen, ex-vocalista do Nightwish, que cantou a música Wuthering Heights, e foi bastante prejudicada pela má qualidade do som. Somente na música Phantom of the Opera, cover de Nightwish que Tarja e Edu cantaram em dueto é que o som deu uma melhorada, e isto porque o show já estava no final. 


Os próximos a entrarem no palco foram os caras do Sepultura, que trouxeram como convidados um grupo de percussionistas francês, o Tambours du Bronx. Palco montado, instrumentos a postos, mas cadê a banda? Nada do Sepultura entrar no palco. Enquanto isso no palco Mundo a banda Glória começava seu show. Como o Sepultura não começava resolvi ir lá dar uma sacada no que os caras tocavam, já que não conhecia a banda, e cheguei exatamente na hora em que mandavam Domination, do Pantera. Logo depois ainda veio Walk, e pelo menos nessa hora os caras parecem ter conseguido agradar ao público. Depois disto voltei para o palco sunset que o Sepultura parece havia resolvido aparecer. A qualidade do som tinha melhorado um pouco, mas ainda oscilava bastante o volume. Mesmo assim o show dos caras foi foda, enquanto no Palco Mundo o Glória era vaiado.

Infelizmente quem estava muito atrás no palco sunset, ficava bastante próximo do Palco Mundo, fazendo com que o som do Gloria tampasse um pouco a apresentação no palco sunset, coisa que imagino não havia sido prevista pela organização do evento. Aliás, o que o Sepultura estava fazendo no palco dois e o Gloria no principal era algo que ninguém conseguia compreender. Mas tudo bem. A participação dos tambores no show do Sepultura foi muito foda, deu um peso absurso às músicas (que já eram pesadas), e fez deste um dos melhores shows do Sepultura que já vi. Entre as músicas, Refuse/Resist, Territory e Roots Bloody Roots fizeram a alegria da galera, além de um cover inusitado de Prodigy, com Firestarter, que também ficou muito foda. 


Missão cumprida no palco sunset, foi hora de tentar arrumar um bom lugar no palco mundo. Lá quem tocava eram os malucos do Corri de Cãimbra, banda que nunca tinha ouvido falar sequer. A banda é até legal, e pode ser resumida em um dream theater com um cabelo do rage against the machine e a voz do Rush. A parte mais legal do show foi o cover de The Trooper, do Iron Maiden, e acho que é só o que posso dizer deles. Depois disso meu amigo, ai o bicho pegou. Primeiro veio o lendário Lemmy Kilmister e seu Motorhead, uma das bandas mais tradicionais do cenário metálico mundial. Com seus mais de 100 anos, Lemmy é um dos vovôs do metal que continuam na ativa e mandando muito. O show foi no melhor estilo Lemmy, pouca conversa e muito rock'n roll. 


O Slipknot veio a seguir com sua performance, digamos, teatral. Máscaras, uniformes, pirotecnia e malabarismos foram as marcas principais deste show. Os caras são bastante insanos, mantém o clima do show bem macabro. Um dos integrantes inclusive chegou a subir numa das torres e pular na galera, algo totalmente insano! Elevadores nas percussões e na bateria, que chegou a ficar de cabeça pra baixo na última música, e fogo saindo no meio e nas laterais do palco foram outras marcas do show. A banda tocou muitas músicas de seus primeiros álbuns, o que agradou em cheio aos fãs mais afoitos, e consagrou este como um dos melhores shows do festival. 

Mas o melhor da noite ainda estava por vir. Aqueles que todos queriam ver! O Metallica foi a grande atração da noite e posso dizer que fez um show histórico! Com um repertório composto por clássicos que influenciaram gerações e mais gerações de metal e rock pelo mundo todo, os caras encerraram a noite e o primeiro fim de semana do festival mostrando como se deve ser. O repertório se concentrou nas músicas de seus primeiros e mais clássicos álbuns. O St. Anger, álbum considerado mais "maldito" na carreira do grupo foi sumariamente ignorado, e dos também controversos Load e Reload tocaram apenas Fuel. Uma pena, pois eu gosto muito de Until it Sleeps também e acho que ela tinha lugar neste show. No mais tome clássico e mais clássico, concentrando nos álbuns Master of Puppets, Ride the Lighting, And Justice for All e no Black Álbum. 


As partes mais emocionantes do show pra mim foram For Whom the Bell Tolls, Nothing Else Matters, acompanhada por um coro de 100 mil vozes e palmas, e Sad But True. O mais impressionante neste show, aliás não só neste como em todos os outros também, foi  a interação e animação do público. Mesmo depois de mais de 12 horas de shows, o público ainda tinha fôlego pra cantar cada música junto, aplaudir e gritar a cada manifestação da banda no palco. Tanto carinho visivelmente emocionou aos integrantes, fazendo com que James inclusive brincasse com o público fazendo sinais que estava com sono e precisava dormir, ouvindo um sonoro não da platéia, claro. No final encerraram com duas músicas de seu primeiro álbum, Whiplash e a sonora Seek and Destroy, pedida por todos. 

Os caras do Metallica ainda ficaram um bom tempo andando pelo palco e agradecendo o carinho do público, demonstrando que o momento foi marcante não só para nós, como para eles também. Apesar de todos os problemas e críticas feitas ao festival, este dia demonstrou que é possível sim aliar lucro e boas bandas em um festival, e que não é preciso trazer Cláudia Leite para conseguir lotar um festival. Mas infelizmente a família Medina parece não ter aprendido a lição que Carlinhos Brown deu há 10 anos atrás.

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